Só podemos chorar à noite


Cem, duzentas, trezentas... Quatrocentas mil mortes...

O povo,  praticamente, à própria sorte,  um convite à  barbárie.  

As massas  manipuladas,  pressionadas, diante do desamparo, agem por impulso:

- de autopreservação, 

- de egoísmo, 

- de autodestruição.

Salve-se quem puder, exceção aos solidários humanos solidários, quase sempre solitários.

Os poderosos e oportunistas mostram-se chacais.

Tempos sombrios estes, que pedem luz. 

A pandemia, parece um vulcão em erupção.  Fumaça,  lava, desespero e horror.  Não conseguimos ver o núcleo do  vulcão, nem o alcance da fumaça. Quanto tempo mais  cuspirá fogo? 

Ficamos, por vezes,  inertes.  Permanecer ou lutar têm consequências.  

Tudo que queremos (e precisamos!) é...respirar.

Que asfixia é esta? Social, política, midiática, sanitária. Mais que viral, bem se pode dizer.

Os movimentos de liderança estão semiparalisados.  Um poder maior parece atuar sobre as iniciativas individuais e grupais sensatas. Desrazão fundamentalista?!

Alguns clamam por  Deus,  outros pela  Mãe Terra,  outros não chamam por ninguém por não terem Fé n’alguma coisa. 

É certo,  todos dependemos uns dos outros. Somos interdependentes. 

Trabalho somente não basta. Precisamos também da Sorte, mais bem compreendida pelo seu oposto, o Infortúnio. 

Nos fugiu a Sensatez, nos visitou o pânico, o medo de morrer ou de perder alguém que amamos. Isto não basta? 

Basta!

Estamos surfando no descontrole da pandemia do novo Coronavírus que ainda poderá piorar, presas do cansaço, esgotados,  feridos,  sangrando, sufocando.  

Não deixemos ao Céus o que nos cabe, porém. Mas, procuremos mais Justiça Social neste inferno de mortandade desigual, onde o rico cada vez fica mais rico, e o pobre, está sendo enterrado em valas comuns.

Fiquemos ao lado da Ciência, da Verdade e da Prudência. Em que temos e teremos nos tornado diante de tantas mortes, muitas delas evitáveis?

Os que contribuíram para o caos em que vivemos - entre Políticos, Gestores Públicos e Privados, Poderosos e alguns Populares, homens e mulheres, ouvirão por tempos sem fim um eco interminável: deprezíveis! Podiam ter feito alguma coisa, mas cruzaram os braços ou nadaram contra a corrente da Ciência e do Bem Comum.

Se não pudermos mais amar e defender a vida, especialmente a dos mais vulneráveis, dentre estes as crianças e os idosos, que terá sido da nossa frágil Humanidade conquistada até aqui?

Nosso reconhecimento e homenagem aos profissionais das áreas essenciais, cuja resistência mitiga o sofrimento e cuja persistência nos dá esperança de superação. Bravíssimo!

Precisamos seguir em frente lutando incessantemente várias batalhas simultâneas em diferentes fronts reais, virtuais e fakes. 

 

Leia mais sobre os profissionais da linha de frente:

https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/05/01/trabalhadores-essenciais-na-pandemia-fotos.ghtml

 

Marcos Davi dos Santos

Médico,  idealizou e dirige o Instituto Primeiros Anos do Desenvolvimento Humano e a o ATempo - Todo dia conectando a rede local da Primeira Infância;  atua na linha de frente hospitalar contra a COVID-19.