Urgência no enfrentamento das adversidades


Ao longo dos anos, muitas trajetórias foram se cruzando com a nossa. Parentes, amigos, educandos, gestores e parceiros deixaram suas marcas em nossa maneira de compreender e trabalhar o desenvolvimento humano em seus primeiros anos.

Neste momento de convergência de propósitos de trabalho, trajetórias profissionais e histórias de vida, em que lançamos nosso site e uma inovação de escala para a Primeira Infância, estamos muito orgulhosos de ter o apoio da nossa rede, que nos tem trazido o sustento material e imaterial desde a fundação do nosso Instituto em maio de 2011. Desde então, temos visto acontecimentos extraordinários no campo da Primeira Infância.

Em 2003, quando participamos do Projeto “Nossas Crianças: Janelas de Oportunidades”, um dos projetos pioneiros, as iniciativas de programas voltados para o desenvolvimento das crianças ainda eram poucas. Hoje vemos que a Causa prosperou e quase já não é novidade que os três primeiros anos são decisivos para a formação do padrão de resposta ao estresse afetando a educação, a saúde, o desenvolvimento social e econômico da pessoa e da sociedade.

Um Marco Legal (Lei nº 13.257, de 8 de março de 2016, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2016/lei/l13257.htm) agora orienta a Política Nacional de Desenvolvimento da Primeira Infância; o financiamento para programas de Primeira Infância começa a se concretizar em alguns municípios e estados brasileiros. Mas, ainda há muito a se fazer para que meninos e meninas brasileiros/as tenham oportunidades equitativo-igualitárias no início da vida.

Tantas realizações só foram possíveis pela dedicação de incansáveis militantes da área de desenvolvimento infantil que, muito além dos recursos financeiros, trouxeram seus olhares, fazeres e experiências acumuladas.

É nesse contexto, do qual somos parte e resultado, que apresentamos à comunidade do Desenvolvimento da Primeira Infância e adolescência o nosso site, planejado para permitir o maior engajamento possível do nosso público, principalmente dos nossos colegas e educandos das áreas de Saúde, Educação, Assistência Social, Comunicação e outras áreas/setores afins. Sob determinada perspectiva, poderá interessar à sociedade em geral, em particular, às comunidades locais onde vivem as mulheres grávidas e as crianças. Nosso agradecimento especial aos colaboradores da seção “Vozes pela infância” que enriqueceram o conteúdo.

Celebramos, principalmente, o lançamento de uma inovação de escala nacional, uma nova e arrojada abordagem para o Enfrentamento Intersetorial em Tempo Real do Desenvolvimento da Criança, desde a Gestação, nossa Rede a.tempo, cujo sumário executivo está disponível no menu principal.

O propósito da Rede a.tempo é que, pelo menos uma vez por dia, profissionais e atores sociais interessados na primeira infância, acessem o aplicativo a.tempo, que promove ao mesmo tempo a integração multiprofissional/intersetorial, o engajamento social e o envolvimento familiar em torno do desenvolvimento infantil nos pequenos territórios – malhas de redes – das unidades de Educação, Saúde e Assistência Social em que vivem mulheres grávidas e crianças.

O sentido de urgência que nos desperta o curto espaço de tempo que engloba a gestação e os três primeiros anos foi valorizado por nós. A Rede a.tempo busca facilitar o inédito e arrojado acompanhamento do desenvolvimento da criança em tempo real, numa perspectiva intersetorial ampla, outra novidade. Além de enredamento e do acompanhamento do desenvolvimento, não podíamos esquecer da necessária formação profissional permanente que, em nossa abordagem, é proporcionada por mais interatividade digital.

Se sonhar é bom e não custa, nosso desejo é ver a Rede a.tempo implantada em todo o território nacional. Para isso, esperamos contar com o apoio das organizações afins e do nosso querido público, que sempre nos incentivou e nos estimulou e estimula. Para que este sonho seja realidade, uma versão off-line do nosso aplicativo está em desenvolvimento para que a inovação beneficie as mulheres grávidas e as crianças de zonas rurais ou com acesso deficiente ou ausente à internet.

Como não poderia deixar de ser, empreender e inovar é uma tarefa desgastante e arriscada. Parece que chegamos em certa altura do desenvolvimento da Rede a.tempo em que já não se pode recuar. A criatura ganhou vida e assim deve seguir próspera, fazendo jus ao seu baixíssimo investimento per capita por beneficiário final por dia, um elevado custo-benefício para uma inovação que, além de tudo, promove a transferência de tecnologias sociais e digitais.

Desenvolver uma abordagem tão complexa com tamanha acessibilidade a inúmeros e diferentes tipos de parceiros, graças ao modelo de negócios, é uma grande e importante conquista para nós, porque confirma nossa vocação social e a possibilidade real de grande impacto.

Os/as adolescentes estão representado/as nesta edição por meio da arte educação, algo irresistível para quem trabalha com o desenvolvimento de crianças pela continuidade natural entre infância e adolescência. A equidade de renda e gênero, a cultura de paz, a sustentabilidade ambiental permeiam nosso trabalho com maior ênfase a partir de agora.

Somos firmes quando o assunto é apoiar o trabalho intersetorial em rede, o acompanhamento do desenvolvimento da criança e a formação permanente para o desenvolvimento infantil.

Esperamos contribuir para nosso ecossistema de negócios, agora com mais tecnologia da informação e comunicação, pois inovar é fundamental. E, para finalizar, lembramos Fernando Pessoa, que assume para si, em um belo poema, a frase de um general romano do sec. I: “Navegar é preciso, viver não é preciso”. Nunca foi tão necessário navegar. Nossa ousada viagem vai em direção ao amparo e à proteção às crianças, fortalecendo suas famílias e redes, em tempos de incertezas e violências contra o planeta e a humanidade, promovendo essencialmente a vida.

 

Esperança para todas as crianças, sempre!